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Voluntários reafirmam compromisso com a Ascap

Mais de 30 pessoas, entre voluntários e diretores, participaram do primeiro encontro de amigos solidários da Ascap

O 1º Encontro de Voluntários da Ação Social Caminheiros de Antônio de Pádua (Ascap), realizado na manhã de sábado (23/3), deu a largada para a comemoração do jubileu de prata da instituição, que completará 25 anos de fundação em 20 dezembro deste ano. Pela primeira vez, mais 30 pessoas, entre voluntários, integrantes da diretoria e presidente do Comitê Nacional de Vítimas de Violência (Convive), Francisco Régis, se reuniram para discutir os rumos da entidade e propor iniciativas que propiciem o seu desenvolvimento.
Na abertura do encontro, a presidente, Valéria Mesquita, destacou a importância dos voluntários para a Ascap e os comparou ao “combustível” que ajuda mover a instituição. Embora a Ascap seja o braço social do Centro Espírita Caminheiros de Santo Antônio de Pádua, uma casa umbandista, fundada em 1971, a instituição é um espaço laico, que aceita e acolhe pessoas de todos os credos, sem qualquer restrição à orientação sexual e à origem étnica. Ela agradeceu a presença dos voluntários e se disse surpreendida com o número de participantes.
Valéria elogiou a gestão da antecessora Andrea Bequiman, que transformou o ambiente e agregou atividades sociais. Ora como voluntária da instituição, ora como integrante de diretorias passada, a atual presidente lembrou que, até então, a associação, nos últimos, se restringiu  suas atividades à realização do bazar e à entrega das cestas básicas de alimentos.
A presidente Valéria Mesquita elogiou o legado da
antecessora Andrea Bequiman
Com a mudança diretoria, em agosto de 2017, foi realizada uma auditoria entre os beneficiários, permitindo identificar que boa parte das famílias, contempladas com doações de alimentos de outras instituições, comercializavam, para diferentes fins, as cestas excedentes, entre elas as doadas pela Ascap.. A constatação levou a Ascap a rever os critérios de doação de cestas e, hoje, o programa atende, efetivamente, a famílias em situação de insegurança alimentar, além de emergências para aqueles que batem à porta da instituição.
Depois de abrir o encontro, com o compromisso de fazer a Ascap crescer ainda mais no que depender do seu trabalho, empenho e dedicação, Valéria deixou claro que os interesses da instituição estão, e estarão sempre, acima de interesses pessoais. Reafirmou que o objetivo é buscar meios para que a Ascap seja uma entidade com capacidade de transformar vidas para melhor. Uma das principais metas deste ano é construção de um galpão, ao lado da atual sede, para que haja uma expansão das atividades, com oferta de aulas de teatro, dança, música entre outras manifestações culturais, que possam blinda, principalmente, os jovens da periferia da sedução perniciosa do mundo do crime.
Para os participantes, foi exibida uma série de slides com as principais realizações de 2018. No ano passado, foram distribuídos 1.563 quilos de alimentos, 400 peças de roupas, entregues mais de 120 cobertores e mantas, além de agasalhos aos assistidos da Ascap e moradores de rua. Foi realizada também a primeira festa julina da instituição, que atraiu mais de 150 pessoas — um feito inédito, com o intuito de estreitar a relação da Ascap com a comunidade. Neste ano, o Arraiá Solidário está previsto para 13 de julho.
Parceria
Ainda em 2018,  Ascap e Convive coordenaram a criação do grupo Bem Mais Mulher — Eu faço meu destino, voltado ao empoderamento das mulheres da periferia, preferencialmente, daquelas que vivem no Setor Habitacional Sol Nascente. A soma dos moradores desse bairro com os que vivem Setor Habitacional Pôr do Sol, torna a região a maior comunidade de periferia do país, com uma população em torno de 78 mil pessoas,  superior à da Rocinha, no Rio de Janeiro, que abriga mais de 69 mil moradores, e à de Paraisópolis (SP), com 43 mil habitantes.
O Convive é parceiro da Ascap desde o início de 2018, com a participação da ex-coordenadora do comitê Valéria de Velasco, morta em 17 de abril. Mas o legado deixado por ela, uma das maiores ativistas do Distrito Federal em defesa da cultura de paz, permanece impulsionando o comitê e inspirando ações da Ascap. O presidente do Convive, Francisco Régis, que se colocou como mais um voluntário da Ascap, lembrou que o comitê foi criado em 1999, com a presença de Valéria e outros parceiros. Atualmente, o comitê, que com escritório na sede da Ascap, passa por uma reestruturação estatutária e reorganização de suas atividades.
Saúde mental
O ponto alto das ações de 2018 foi a implantação do serviço de atendimento psicológico. Desde o segundo semestre do ano passado, essa ação vem crescendo, sobretudo, após a instalação de dois gabinetes (um infantil e outro para adultos) e a presença constante de psicólogos. Até sábado, eram quatro profissionais. Nos próximos dias, serão seis, adiantou o psicólogo Robert Newton, que coordena essa nova linha de serviço oferecido pela Ascap, em parceria com o Comitê Nacional de Vítima de Violência (Convive). Hoje, o consultórios estão abertos, das 9h às 12h, nas segundas, quartas e sexta-feiras. Com a chegada de mais profissionais voluntários, há possibilidade de funcionamento, pelo menos um dia da semana, à tarde e à noite.
Entre os pacientes, há problemas com os mais diferentes traumas, decorrentes de violência doméstica, sexual, depressão entre outros, que comprometem o equilíbrio emocional e capacidade laboral. “Não adianta viajar ou mudar de casa, o problema vai acompanhar a pessoa. É preciso resolver o problema e a psicologia existe para ajudar a pessoa a encontrar a solução”, ensina a psicóloga Maria José Basílio, cuja ausência foi sentida no primeiro encontro.
Robert acentuou a necessidade melhor estruturar o atendimento psicológico. Segundo ele, a decisão da diretoria de aprovar o estabelecimento de uma taxa social, variável de acordo com a possibilidades financeiras do atendido, mudou o comportamento dos pacientes, quando o serviço era gratuito. “Hoje, dificilmente, as pessoas faltam à sessão”, disse Robert. Os recursos obtidos com a taxa social são destinados à melhoria dos consultórios e à coberturas dos custos operacionais, como aquisição de papel, toner e tinta para as impressoras, lanche para os profissionais e custeio do deslocamento (passagens) dos profissionais voluntários. “Isso é o mínimo que podemos fazer”, endossou a presidente Valéria Mesquita.
Propostas
Os participantes foram provocados a oferecer sugestões sobre as atuais e futuras atividades da Ascap, considerando que maioria reside na região do Setor O de Ceilândia e, assim, conhecem de perto as demandas locais. No total, foram quase 50 propostas, voltadas ao incremento das atividades da instituição, e muitas acompanhadas de justificativas. Após muita troca de ideias, num clima de confraternização, foi servido um delicioso almoço, cuja produção ficou a cargo da voluntária Maria Andrea que, mais uma vez, deu sabor a uma ação da Ascap, adoçada pelas guloseimas de duas Danielas: Ricci e Freire.




Participantes do 1º Encontro de Voluntários da Ascap
Adriana Leitão Costa; Alex Neuhauser; Ana Júlia Silva Nunes Prado; Andreia F. da Silva; Daniela da Silva Santos Freire; Carmen; Daniela de Almeida Ricci; Daniela Dias Falcão; Felipe Neuhauser; Flávia Moreira; Francinete Farias Ribeiro; Francisco Régis Ferreira Lopes; Grazielly Tavares Marques; Ilsiane P. da C. Neuhauser; Isac Batista; Juacimária Bispo; Kleytiane da Silva; Lauremilce Alencar Vogado; Lorrany Santos da Silva Oliveira; Luana Franco; Maria do Carmo Arantes, Márcio Soares Isac; Maria Andrea Silva; Neide, Oscar Batista; Patrícia A. Cristino; Renata Franciosi; Robert Newton; Rosali Neuhauser; Rosane A. Garcia; Salvelina Pereira R. Cabral; Sandra Rita; Sara Reis; Sebastião de Sousa; Sumara Canzi; Valéria Mesquita Paz de Sousa; Wania Santos Pontes; Wilma Santos Ponte.
A diretoria da Ascap agradece a presença de cada um dos participantes, certa de que a união de todos formará uma corrente transformadora para o bem da vida de muitas. Que Deus nos abençoe seja o nosso grande parceiro!



SUGESTÕES DOS VOLUNTÁRIOS
Por meio de Caminhadas Solidárias, retomada de visitas a abrigos e creches
Realizar encontro de mulheres na Ascap
 Ampliar o bazar
Implantar o serviço de atendimento jurídico
Fazer uma horta e um jardim na área da Ascap
Oferecer aulões para candidatos ao Enem e ao vestibular
Promover palestras para adolescentes e jovens de orientação sexual, ante o cenário de muitos casos de gravidez precoce
Arte, educação: oficina de teatro (dramatização), contação de história; leituras dramáticas; oficinas de desenho; pintura; artesanato; literatura: poesias (rodas de leitura); cartas (trocas entre crianças e jovens); oficina de português; música: flauta doce e canto; criação de uma discoteca, para doação de CDs, discos, arquivos digitais, DJs; educação digital: vídeo, animação, YouTube, áudio, podcast, roteiro, uso de celular como ferramenta de apoio,educação e informação; Psicologia: atividades de grupo, rodas de conversa, atividades coletivas com jovens e idosos sobre temas como drogas, alcoolismo, violência; oficinas profissionalizantes: etiqueta, conservação de alimentos (congelamento), arrumação de casa; relações pessoais; oficinas de reciclagem/artesanato: alimentos, tecidos, roupas; oficina de jardinagem: ornamentais, mini-hortas, pimenteiras, desidratação de frutas; oficina de marcenaria: brinquedos, jogos, objetos lúdicos e úteis; oficinas de jogos: xadrez, damas, futebol de botão, tênis de mesa, travas de futebol, cordas de pular, elástico material de academia (fitness)
criação de rede de parceiros: sociais, saúde, psicologia e trabalho
criação de grupos e projetos com cronogramas específicos: festa julina, Natal, Mês da Mulher, Mês da Criança, Dia das Mães, Dia dos Pais, com focos temáticos: homem, mulher, paz, saúde, trabalho
Calendário de eventos: arte-camisetas; mensagens boas
Criação de produtos da Ascap para venda beneficente: canecas, camisetas, canetas
Elaboração bem escrita de projeto e com finalidade clara e objetiva
Só trabalhar a ampliação quando: a) quando o trabalho base atingir grau de excelência; b) aumentar a visibilidade da associação ante as empresas, por meio do Sebrae
atendimento psicológico à noite
realização de baile à fantasia (flash back)
realização de cursos (pagos)
oficina de bolo de pote
aluguel do espaço físico para cursos
realizar parcerias com várias instituições de ensino, voltadas ao fortalecimento da rede
curso de etiqueta
buscar meios de captação de recurso
qualificação de empregadas domésticas
cada diretor e voluntário tentar conseguir cinco sócios
promover eventos de fim de tarde: projeção de artistas, atraindo familiares, oportunidade para a venda de tira-gosto

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