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Roda de Conversa: mulheres reivindicam oficinas de artesanato



O grupo coordenador da Roda de Conversa Bem Mais Mulher — Eu faço o meu destino tem prazo de duas semanas (15 dias) para conseguir voluntários dispostos a orientar oficinas de artesanato, voltadas à produção de tapetes de retalhos e de barbante, frufru para cabelo, pinturas em tecidos e outros produtos. Além de serem mercadorias fáceis de vender, parte comporá uma exposição no segundo Arraiá Solidário, a ser promovido pela Ação Social Caminheiros de Antônio de Pádua (Ascap), em 13 de julho deste ano.
A decisão coletiva foi tomada na manhã deste sábado, durante o encontro de mulheres, no salão principal da Ascap, que teve a participação de homens também dispostos a compor o grupo e a participar da produção de artesanatos. A finalidade é colaborar com as pessoas que estão desempregadas ou subempregadas a elevar a renda familiar.  A maioria não tem conseguido retornar ou ingressar no mercado de trabalho e está há algum tempo sem salário e sobrevivendo de bicos.
“Eu trabalhava na limpeza pública e, há quase um ano, não consigo emprego. Tenho me virado com faxina e outros bicos”, disse Maria Célia, que estava acompanhada da neta, e disposta a aprender outras atividades que lhe assegure algum dinheiro. Ela, como a maioria das 11 mulheres, acha que a possibilidade de fazer trabalhos manuais permite cuidar da casa e dos filhos e, ao mesmo tempo, conseguir uns bons trocados para garantir o básico da casa, principalmente alimentos.
A sugestão apresentada pelas coordenadoras do encontro, a voluntária Sara Reis e a secretária da Ascap, Rosane Garcia, também agradou aos homens. O jovem João tem se dedicado à atividade de serralheiro. “Um dia encontrei uma janela de ferro jogada no lixo e decidi recuperar a peça. Depois de arrumada, pintei e levei a janela para um amigo vender. A venda foi rápida e o homem que comprou queria mais, porém eu não tinha mais janelas”, disse ele.
João perdeu o pai ainda criança e, desde então, por ser o mais velho entre os irmãos, se sentiu na obrigação de ajudar a mãe na labuta diária pela sobrevivência. Mas ele não quer só consertar janelas. João está disposto a produzir peças de ferro e mostrar um pouco da sua criatividade.
Exemplo
As participantes ficaram encantadas com a breve palestra da conselheira fiscal, Salvelina Roldão, sobre como percebeu que a produção e venda de frufrus era uma boa opção para o início dos trabalhos do grupo. Nas horas vagas, ela começou a fazer o enfeite de prender cabelos. Deu uma para a filha da vizinha. Passados alguns dias, a menina pediu outra. Para aproveitar o tempo, Salvelina fez mais e mais frufrus e diante do interesse da menina, ela pediu à mãe da criança, que tem uma banca na Feira dos Goianos, que tentasse vender algumas peças para doar os recursos à Ascap. Num só dia, a criança, que acompanha a mãe na feira, vendeu 10 frufrus.
Salvelina entendeu o resultado como um sinal verde do universo para continuar o trabalho e, dessa vez, atendendo a expectativa da clientela: produzir frufrus coloridos, pois, na primeira leva, todos eram brancos. E assim ela fez. Durante o encontro, Salvelina presenteou as mães com frufrus. E mais: “Deus sempre nos ajuda, mas temos que nos movimentar para receber as graças”.  As mulheres ficaram encantadas com o presente e viram que ali, como em outras ideias, pode ser o primeiro passo para mudar o dia a dia e, ao mesmo tempo, ter um dinheirinho extra na carteira.
Avaliação
Para Sara Reis, professora de dança, que sai de Sobradinho para colaborar com a Roda de Conversas promovida pela Ascap, o encontro de hoje foi um dos melhores. “Dessa vez, percebi que as mulheres estão mesmo interessadas em fazer algo para ir mudando a vida. Bom que os homens também se mostraram entusiasmados”, avaliou. E acrescentou: “O encontro foi ótimo, leve e, diante da disposição das pessoas, creio que chegaremos a um excelente resultado”.
Em nome da Ascap, a conselheira fiscal e coordenadora do Bazar Solidário, Wania Pontes, ofereceu a cada uma das mães um pequeno brinde da Ascap, em comemoração ao Dia das Mães, neste 12 de maio. Algumas mulheres receberam ainda uma cesta de alimentos, que foi organizada pela diretora de Eventos, Patrícia Cristino, com doações de Salvelina. (Veja as imagens do animado bazar, clicando no link https://photos.app.goo.gl/23MggZNNpqbA2jra9)
Como este blogue havia anunciado, sábado foi bem agitado e muito alegra. Enquanto ocorria a Roda de Conversa, na área externa da Ascap, o tradicional Bazar Solidário, aberto às 9h, atraía dezenas de pessoas, num ambiente de muita alegria. A atividade, que ocorre sempre no segundo sábado de cada mês, hoje, é a principal fonte de renda da instituição e, hoje, conta com uma clientela fiel, que não perde uma edição, sempre em busca de roupas, calçados e acessórios doados, mas de excelente qualidade.

POESIA EM HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES

No encerramento do encontro, a voluntária Sara Reis leu uma poesia dedicada a todas as mães:
"Mãe gera com o corpo,
Nutre e cuida com o coração
Mãe é amiga em hora boa,
Protetora permanente,
Preocupação constante.
Mãe sabe pintar sorrisos,
Enxugar lágrimas.
Mãe é colo de infinita capacidade,
Peito de inabalável paciência,
Sorriso e lágrima de empatia e carinho.
Mãe é expressão criativa da natureza,
E na essência transporta
o que há de mais divino.
Mãe é vida, é sustento do mundo,
Pois no ventre carrega a mágica da criação.
Mãe é amor incondicional,
Que vive eterno e profundo
no seu enorme coração."
FELIZ DIA DAS MÃES A TODAS AS MULHERES!
DOAÇÕES
Para as oficinas, além de voluntários que queiram dividir seus conhecimentos com as mulheres, precisamos de doações de linhas, agulhas, retalhos, barbante, agulhas de crochê, fita métrica. Precisa-se também de quem possa ensinar corte e costura. As doações podem ser entregues na Ascap ou ainda indicar pelo telefone (61) 9 9289-8076, ou pelo e-mail: ascap.cecsap@gmail.com o endereço onde podemos buscar. As mulheres e a Ascap, desde já, ficam muito gratas.

IMAGENS DA RODA DE CONVERSA (clique no link) https://photos.app.goo.gl/ncRwfw8NZ7oppgLt5

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