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Campanha do agasalho ajuda imigrantes da Bahia

Pessoas vindas do interior da Bahia, acampadas às margens da estação do metrô em Ceilândia Sul


A ação contou com a colaboração do grupo Mulheres de Brasília e do Movimento Maria Cláudia pela Paz


Dizem que agosto é o mês do desgosto. Não é assim para os integrantes da Caminhada Solidária, promovida, mensalmente pela Ação Social Caminheiros de Antônio de Pádua. Iniciamos o mês em mais uma atividade de expressão de amor e solidariedade ao próximo. No início da noite de sábado (3/8), os "caminhantes solidários" distribuíram 30 cobertores, além de roupas e agasalhos para moradores em situação de rua em Ceilândia. A Caminhada só é possível graças à solidariedade de amigos, amigas e movimentos que, como a Ascap, se preocupam em confortar aqueles que pouco ou nada têm para viver. Pelo segundo ano consecutivo, os cobertores foram doados pelo Grupo Mulheres de Brasília e pelo Movimento Maria Cláudia pela Paz. Os dois movimentos, que reúnem pessoas de bom coração, realizam, sem estardalhaço, ações semelhantes a cada inverno. A atividade desse sábado foi uma continuidade da campanha do agasalho para atender moradores de rua. Embora os dias estejam sejam mais quentes, durante a madrugada o frio ainda é impiedoso sobretudo com que está ao relento ou sob barracas de plástico preto. Nesse sábado (3/8), às margens da Estação Metropolitana, em Ceilândia Sul, várias famílias — a maioria crianças e mulheres, procedentes do interior baiano — receberam os cobertores e roupas dos caminhantes solidários. Chegaram ao Distrito Federal em busca de uma oportunidade de trabalho. Segundo elas, a situação em Barreiras e em Feira de Santana está muito difícil. Faltam empregos e oportunidades até mesmo para fazer um “bico” e conseguirem alguma ocupação. À beira do metrô, têm contado com a solidariedade de várias pessoas que fornecem comida. Mas as noites, relataram, têm sido muito difíceis, pois o frio castiga a todos, principalmente as crianças. Uma da mulheres, Ana (nome fictício) reclamou do preconceito dos moradores da redondeza. “Quando conseguimos uma faxina, a pessoa inventa uma desculpa para dispensar a gente logo que sabem que estamos morando na rua. Pensam que somos bandidas, quando, na verdade, só queremos trabalhar e ganhar dinheiro honestamente”, queixou-se. “A gente só quer trabalho, não somos bandidos”, acrescentou Ana. A rejeição à Ana e a outras mulheres e homens que migram do interior para o DF em busca de uma vida melhor é resultado da desconfiança e do temor das pessoas de serem vítimas de um ato violência, com danos ao patrimônio e à integridade física. Os índices de violência são elevados e poder público não consegue reprimir na medida necessária. Mas não se pode julgar todos pelos desvios de outras pessoas. O acolhimento e a solidariedade devem falar mais alto. Além de cobertores, os caminhantes distribuíram também roupas, recebidas em doação pela Ascap. Na manhã deste domingo, os alimentos in natura, doadas pelo recém-caminhante, Paulo, foram entregues às famílias, pela voluntária e ex-diretora da Ascap, Grazzy Marques. “Elas ficaram muito gratas”, contou Grazzy. Na noite anterior, as famílias pediram ajuda para conseguir alimentos, pois não tinha nada para preparar para os adultos nem para as crianças. A alegria e os agradecimentos das famílias encerraram mais uma Caminhada Solidária da Ascap. Sabe-se que a ação é insuficiente para transformar a vida das pessoas, mas serve de alento para quem se vê abandonado e sem ter a quem recorrer numa fase difícil da vida. 
CAMINHANTES: Grazzy, Bruno, Pedro, Paulo, Daniela Falcão,  Solon e Rosane

Comentários

  1. Belo e impressindível trabalho!
    Vou procurar me engajar em algum grupo assim!
    Um abração, amigos!

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