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REDE SOCIAL DE CEILÂNDIA: saúde mental e assistência social em crise

Rede Social de Ceilândia: encontros sempre na última quinta-feira de cada mês para debater políticas públicas 

A sociedade de Ceilândia está organizada para os desafios sociais da maior cidade do Distrito Federal, que abriga quase 490 mil moradores. Propostas de políticas públicas não faltam entre os representantes dos setores organizados da cidade. Na manhã de quinta-feira (27/2), mais de 30 pessoas, representantes da sociedade civil local, de instituições não governamentais, os administradores regionais, o advogado Marcelo Martins da Cunha, mais conhecido como Marcelo Piauí (Ceilândia), e do Sol Nascente, José Goudim, participaram de mais um encontro da Rede Social de Ceilândia, criada há 13 anos, organizada pelo Tribunal de Comunitário local.

Os dois administradores abriram as portas do gabinete para dialogar com os representantes da comunidade e elogiaram  a inciativa que deu origem à Rede Social de Ceilândia. O administrador Marcelo Piauí lamentou a ausência de um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)  na reunião. José Goudim, por sua vez, propôs que encontro semelhante ocorra no Sol Nascente.`

A reunião foi em um casarão no Conjunto D, da QNN 17, que abriga a família de Joana, dirigente da Associação Casa de Apoio à Comunidade de Ceilândia (Acac), uma organização que se notabilizou pela sua dedicação à população carente de Ceilândia. Na ampla garagem da casa, dezenas de cadeiras, organizadas em círculo, e uma mesa farta de café da manhã, davam as boas-vindas aos convidados e integrantes da Rede Social local.

O trabalho começou pelas mãos da mãe de Joana, Eleonora, que, apesar das dificuldades para manter a família, dividia com quem batia à porta o pouco que tinha. "A fome não pode esperar", era o lema da matriarca, falecida. Mas o espírito de solidariedade se mantém vivo pelas filhas Assim, surgiu a Acac que, anos atrás, em parceria com o governo do DF, garantia, diariamente, alimentos para mais de 1.500 pessoas, segundo o marido de Joana.

Com as mudanças no Palácio do Buriti, o trabalho da Acac ficou menor, mas não menos expressivo. Distribui alimentos, remédios e tem foco na promoção de adolescentes carentes. Na abertura da reunião, Joana cobrou uma assistência social mais humanitária aos representantes do poder público. Lamentou o encolhimento das atividades, com o fim da parceria com o Estado.

A crise na assistência social e o derretimento dos centros de atendimento psicossocial (CAPs) deram o tom da reunião da Rede Social. Os CAPs surgiram depois da reforma psiquiátrica, no início deste século. Eles substituíram os manicômios, e compõem o Sistema Único de Saúde (SUS). Mas os relatos mostraram que, no DF, a situação é caótica. Os centros de Referência de Assistência Social (CRAS) também entraram em rota de decadência. As duas estruturas estão desabando e os técnicos não dispõem de recursos para atender a clientela.

Os profissionais pediram dos administradores regionais (Ceilândia e Sol Nascente) que façam a mediação para que haja uma reunião com os titulares da Saúde e da Assistência Social do governo. Para a maioria, é fundamental que o setor público tenha conhecimento muito claro do drama que os dois setores estão enfrentando, com impacto direto na vida de milhares de pessoas no Distrito Federal.

Atualmente, estima-se que pelo menos 3.600 pessoas vivem em situação de rua, e  a maioria tem transtornos psicológicos e psiquiátricos, o que exige uma atenção mais dedicada do poder público. Não menos pior, é a situação do idoso no DF. Esse segmento da sociedade também está desamparado. A crise não está circunscrita a Ceilândia. Ela se espalha pela maioria das regiões administrativas do da capital federal.

Violência

Na abertura do encontro, foi possível apresentar a Ascap e falar de maneira bem sucinta sobre o trabalho da Psicologia Solidária, o início do Projeto M+H: juventude contra a violência e o projeto Bem Mais Mulher — Eu faço meu destino. No encerramento, as representantes do Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância à Violência (PAV) Flor de Lótus, voltado a mulheres vítimas de violência sexual, do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), manifestou interesse de encaminhar alguns casos para atendimento psicológico oferecido pela Ascap. Ficou acertado que faremos contato para melhor detalhar essa provável parceria. Com base nos dados, a Ascap deverá compor a Rede Social de Ceilândia.


Na sede da ACAC, um ambiente acolhedor para recepcionar quem tem preocupação com o bem-estar coletivo

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