Brenda Fraz: "Quando você interrompe bruscamente, principalmente sem um preparo, corre-se o risco de retrocesso nessa evolução que o pacientes teve. Essa é uma das minhas maiores preocupações" |
Solidariedade é atitude. O lema da Ascap se materializa mais uma vez pela equipe da Psicologia Solidária, um grupo de profissionais voluntários que tem se dedicado a atender pessoas com os mais diferentes distúrbios e desconforto emocional. Em tempo de profunda crise, causada pela pandemia do novo coronavírus, a equipe de profissionais busca o melhor ambiente on-line — WhatsApp (chamada telefônica ou chamada por vídeo), Skype ou só por telefone — para dar continuidade ao atendimento de seus pacientes.
Com quase 3 mil casos confirmados de Covid-19 (doença causada pelo vírus), confirmados e mais de 50 mortes, em todo o país. Em meio à crise, sentimentos e sensações de angústia, pânico, incerteza, solidão, ansiedade e outros se misturam. A maioria dos brasileiros, acostumada com uma vida agitada na luta diária pela sobrevivência, sente dificuldade de atender à recomendação das autoridades de saúde: ficar em casa (isolamento social) para não se expor ao contágio pelo novo vírus.
Para atenuar o impacto da pandemia e dar continuidade ao atendimento de pacientes da Psicologia Solidária, a psicóloga Brenda Praz, cursando especialização em terapia cognitivo comportamental e análise do comportamento aplicada (ABA), e voluntária da Ascap, se organiza para cuidar dos seus pacientes por meio virtual.
Segundo ela, a opção on-line de atendimento não é novidade. Há algum tempo, essa possibilidade é prevista pelo Conselho Federal de Psicologia. Embora o processo burocrático de autorização não seja rápido, o CFP, diante da calamidade mundial causada pelo coronavírus concede a licença de atendimento a todos que preenchem o formulário. A partir do cadastramento, o profissional está liberado para utilizar os meios on-line para retomar o tratamento dos seus pacientes.
Em breve entrevista a este blogue, Brenda explica a sua preocupação com os atendidos e os motivos que a levaram tomar a decisão de retomar o trabalho com os que buscaram a Psicologia Solidária da Ascap em busca da recuperação do bem-estar emocional.
Quais os prejuízos que uma parada brusca no tratamento pode causar ao atendido?
Brenda Fraz — A meu ver são muitos, porque a gente trabalha numa linha de intervenção, por isso o atendimento tem de ser semanal, pois é uma evolução gradual no quadro do paciente. Quando você interrompe bruscamente, principalmente sem um preparo, corre-se o risco de retrocesso nessa evolução que o pacientes teve. Essa é um a das minhas maiores preocupações. Outra coisa que me fez pensar no atendimento on-line dos pacientes da Ascap é o fato de ser um momento de muita ansiedade para todo mundo. Pela minha experiência clínica, o que tenho observado em pacientes de outra instituição, onde trabalho, é que a crise tem despertado outros transtornos ou intensificado os transtornos que o paciente apresentava. Há pacientes que têm sofrido crise de pânico, ansiedade devido à incerteza do momento atual. Acho que é muito importante que eles tenham suporte para trabalhar as demandas que surgem em razão da pandemia.
O fato de não haver contato direto com paciente, o uso de meio virtual implica alguma perda no tratamento?
BF — Sempre há. O ideal é atendimento presencial. Esse contato direto é rico e tem muitos benefícios. Mas acredito que é um trabalho de redução de danos. Nesse momento, a meu ver, só temos duas possibilidades: ou você passa a não ter contato com o seu paciente, exceto intervenções pontuais, e aí ele fica desassistido, sozinho, lutando contra tudo isso que estamos vivendo; ou você adere ao atendimento on-line e mantém o vínculo com trabalho que vinha realizando presencialmente. Apesar dos prejuízos do atendimento on-line, ainda assim ele continua sendo eficaz. Melhor do que a suspensão do atendimento. O atendimento on-line é uma ferramenta que temos na psicologia, liberada pelo Conselho Federal de Psicologia, desde que você faça um cadastro no site dele.Tem toda um normativa de como pode ser utilizada para casos específicos, como os graves de depressão. Ela [a ferramenta] é mais utilizada para demandas pontuais. É muito indicada para casos de autoconhecimento e para pessoas que têm dificuldade de locomoção. Neste momento, o atendimento virtual é de grande valia, pois estamos vivendo com muitas restrições de locomoção e enfrentando um clima de muito alarde. É um instrumento já utilizado, que agora ganha mais força em função dessa demanda que estamos vivenciando.
Qual será o ambiente on-line que a senhora pretende usar para atender seus pacientes?
BF — Eu tenho usado ligação telefônica, WhatsApp — pode ser por chamada de voz ou de vídeo, o que ficar mais confortável para paciente — e também o Skype. E, em todos os casos, sempre preservando o sigilo da relação entre profissional e paciente. A gente orienta que o paciente deve estar em um lugar silencioso, reservado, sem interferência de outras pessoas, de preferência usando fone de ouvido para preservar o sigilo. Tem pacientes que não têm esse ambiente, devido o número de pessoas que vivem na casa. Então, recomendamos que o paciente vá para o carro para preservar o sigilo. Tenho feito esses atendimentos no meu trabalho. Em relação aos pacientes da Ascap, ainda estou organizando como será o atendimento.
Para ouvir a íntegra da entrevista, clique no link abaixo
Entrevista de Brenda Fraz
Preciso muito de obter um atendimento,estou desolada s saber lidar com meu filho autista ,vc poderia me ajudar?
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