A dura realidade imposta pela crise epidemiológica elevou em mais de 300% a demanda por cestas básicas e agasalhos. Ascap expressa gratidão aos doadores que amenizam o sofrimento de que vive na periferia
Silvanir, o marido e cinco filhos vivem em uma habitação muito precária. Os cobertores foram recebidos como um alívio |
Em meio a um cenário desolador, devido à pandemia do novo coronavírus, a Ação Social Caminheiros de Antônio de Pádua (Ascap) tem conseguido cumprir uma das suas principais missões: acolher e dar alento a dezenas de famílias, com alimentos, agasalhos, cobertores e brinquedos para as crianças. Como os adultos, os pequeninos estão confinados em casa e com reduzidas opções para brincar. Não paramos de trabalhar. Entre o fim de maio e este mês, foi possível compartilhar
Muito do que foi feito se deve às mais diversas expressões de solidariedade de amigos, amigas e instituições parceiras que reconhecem a importância das atividades desenvolvidas pela Ascap em favor daqueles que pouco ou nada têm. Muito mais do que isso: os doadores têm conhecimento e noção do sofrimento daqueles que moram na periferia, ignorados ou sem acesso às políticas e aos serviços públicos. São pessoas sensíveis ao sofrimento dos que não tiveram oportunidades nem meios de construir uma vida mais digna. Muitos foram levados, pelas vicissitudes da vida, a condições precárias de sobrevivência.
As doações de roupas, agasalhos, cobertores foram essenciais para atender a demanda que cresceu muito em decorrência da crise sanitária que afeta todo o país. O isolamento social causou um baque no bolso dos trabalhadores autônomos, que conseguiam renda nas feiras de Ceilândia, Sol Nascente e em outras localidades do Distrito Federal. A escassez de opções para obter o próprio sustento foi profundamente sentida por esses trabalhadores e suas famílias.
A perda de emprego, somada à baixa renda de grande parte das famílias, forçou os moradores de Ceilândia e do Setor Habitacional Sol Nascente a se exporem ao ataque do novo coronavírus. Hoje, as duas cidades registram os maiores índices de infecção e de mortes pelo vírus no Distrito Federal. A falta de dinheiro também contribuiu para que grande parte não adotasse as medidas preventivas recomendadas pelos infectologistas: uso de álcool em gel, máscaras e, principalmente, o isolamento social.
Durante a entrega de cestas de alimentos em domicílio, é possível constatar que muitos lotes abrigam várias famílias em unidades extremamente modestas e pequenas, onde é impossível manter um distanciamento prudencial, como orientam médicos e especialistas. As situações são dramáticas. A precariedade impõe que boa parte desafie o inimigo invisível em busca de meios para a sobrevivência. Sair à rua, enfrentar o transporte coletivo para não perder o emprego ou conseguir fazer um bico, passou a ser imprescindível, quando há cinco, seis ou mais crianças e adultos para sustentar.
Essa dura realidade salta aos olhos na entrega dos alimentos e são confirmados pelos dados preliminares da pesquisa
Indagadas sobre o que estão fazendo para se protegerem do coronavírus, a maioria responde que “não há o que fazer” e só resta “deixar nas mãos de Deus” a proteção. A chegada da cesta de alimentos é recepcionada com alívio por todas as famílias. “Não sabemos como agradecer o que vocês estão fazendo.” “Deus abençoe vocês, pois não tínhamos nada em casa.” São reações comuns entre os beneficiados. “Ainda bem que vocês trouxeram essas roupas e cobertores, pois o frio por aqui é de matar”, comentam outros, que não tinham como agasalhar a si e aos filhos.
Os agradecimentos, ouvidos pelos voluntários que fazem a entrega dos donativos, são extensivos aos colaboradores da Ascap. Hoje, a entrega das doações são feitas em domicílios para evitar aglomeração na Ascap e uma possível transmissão do vírus entre os cadastrados pela entidade.
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