A precariedade das condições de vida dos moradores da periferia torna real as desigualdades sociais e econômicas de grande parcela da sociedade. Na luta pela sobrevivência, as mulheres levantam muito cedo para trabalhar e dormem muito tarde. Além do trabalho, elas têm as tarefas domésticas: lavar, passar, cozinhar, limpar, cuidar dos filhos e do marido ou companheiro. Um tripla e desgastante jornada. O esforço, na maioria das vezes, não reconhecido. Ela ainda corre o risco de ser a próxima vítima de violência dentro ou fora de casa. Não há como discutir equidade de gênero, sem a percepção dessa dura realidade de milhares de mulheres. Os homens, muitas vezes, autores das agressões, também precisam ser vistos com outro olhar. Eles são, igualmente, afetados pelas dificuldades do dia a dia, num ambiente sem acesso a serviços e a políticas públicas que poderiam garantir bem-estar para ele e para a família. Esse caldo de iniquidades afeta a saúde física, mental, emocional e leva reprodução